20 de janeiro de 2015

Australian Open 2015: Dia 2

Mais zebras de respeito no feminino, outras menores no masculino, brasileiros fora e uma rodada noturna pra australiano ver. Esse foi o segundo dia do Australian Open, com a parte superior das chaves.

Dia 2, 20/jan
A rodada começou com uns 10 jogos que não mereciam stream nem no 7/7 do 5º (ou 3º) set. Rapidamente, deu pra perceber que o caminho dos principais cabeças de chave está mais seguro do que na outra metade. Falta tenista perigoso solto na chave (Viktor Troicki ou Bernard Tomic) ou moleques australianos em busca de um lugar ao sol (Nick Kyrgios ou Thanasi Kokkinakis).

Preguiça oriental na estreia

A primeira aposta foi Kei Nishikori (5) X Nicolas Almagro (6/4 7/6(1) 6/2). O espanhol teve uma quebra de vantagem nos dois sets iniciais (2/0 e 3/2) e então cedia a vantagem em games maratônicos. No momento mais delicado para o japonês, ele perdeu o serviço ao sacar para o 2º set e depois desperdiçou três set points recebendo em 6/5. A luta do espanhol foi pelo ralo em um tie-break que traduziu o confronto: Almagro conseguia uma quebra pra poder viajar e Nishikori só resolvia correr justamente quando sofria uma quebra. O japonês só mostrou no tie-break o que precisa apresentar na segunda semana.

Enquanto isso, na Hisense, pelo 3º ano seguido Sloane Stephens fez apenas 5 games contra Victoria Azarenka. Pelo placar e o pouco que vi, o domínio foi inquestionável, maior do que muitos se recusavam a aceitar antes do jogo.

Rotina

Não deu tempo de procurar Stan Wawrinka (4) e já estava 4/0. Na Quadra 2, Fabio Fognini (16), melhor pré-classificado eliminado no dia, caiu em 4 sets para Alejandro Gonzalez. Não vai fazer falta. Dominika Cibulkova (11), atual vice-campeã, precisou virar contra Kirsten Flipkens, Feliciano Lopez (12) salvou 3 match points contra Denis Kudla e avançou com 10/8 no quinto, Fernando Verdasco (31) e Roberto Bautista Agut (13) viraram em 4.

De volta à Hisense, Milos Raonic (8) confia tanto no saque que se conforma com tie-breaks e só conseguiu quebrar Illya Marchenko no 3º set. Um tanto arriscado para os próximos dias. Caroline Wozniacki (8) passou pelo 1º teste em sets diretos contra Taylor Townsend e confirmou o duelo mais esperado da 2ª rodada, contra Azarenka. E chegamos aos brasileiros.

Tie-break é vida

Era preciso muito otimismo e/ou tudo funcionando para que Thomaz Bellucci ou João Souza avançassem. Ivan Dodig era um adversário mais ganhável, mas no 1º set Feijão ainda não parecia no jogo e foi presa fácil. No 2º vieram todas as chances possíveis, largas vantagens e, na hora de empatar a partida, o croata fechou algumas portas e o brasileiro outras. Mesmo com a vitória mais distante, Feijão ainda se recuperou de uma quebra no início do 3º set, seguiu empatado enquanto deu e foi vítima da catimba croata no último game. Sacando para o jogo, Dodig esperou o fisioterapeuta para atendimento na coxa quando enfrentava 15/40. Depois de uns 10 minutos (a Quadra 20 é longe), fez quatro pontos seguidos e marcou 6/4 7/5 6/4.

Assim como Feijão, Bellucci teve boas chances na Quadra 3. As diferenças: do outro lado havia um adversário mais gabaritado e quando oscilava o brasileiro não deixava dúvidas. Sem quebras, o tie-break foi um reflexo do 1º set: Bellucci agredindo conscientemente, mandando no ponto com o forehand sempre que conseguia e Ferrer longe dos melhores dias – principalmente no tie-break desastroso. Por quase 1 hora, Bellucci foi bem em quase tudo. Mesmo se o 1º saque não ajudava, o 2º quicava demais e atrapalhava o espanhol. Quebra no 2º set, 2/0, saque e... veio o 1º momento horroroso. Ferrer quebrou de volta e o jogo virou de lado. Depois de 12 games seguidos, o espanhol só foi ver a sombra do adversário do 1º set em alguns minutos do 4º: 6/7(2) 6/2 6/0 6/3.

Por 1 hora deu

O feminino aumentou as zebras com Flavia Pennetta (12) e Andrea Petkovic (13) sofrendo viradas e Jelena Jankovic (15) caindo em 2 sets. No masculino, Julien Benneteau (25) parou em Benjamin Becker em 4 sets e Pablo Cuevas (27) na quadra dura não chega a ser zebra. Mas contra o qualifier Matthias Bachinger, de 27 anos, que só tinha uma vitória em Grand Slam na vida e em sets diretos ficou feio. Mais esforçado só Alexandr Dolgopolov (21), que conseguiu tomar 3 a 0 de Paolo Lorenzi.

Dia 4, 22/jan
Se a parte inferior da chave feminina ficou capenga e hoje já faltam atrações para as quadras principais, a superior não está muito atrás. Tirando o dito blockbuster Wozniacki X Azarenka, dá pra dedicar um pouco de atenção a Serena Williams (1) X Vera Zvonareva, Cibulkova (11) X Tsvetana Pironkova e Garbine Muguruza (24) X Daniela Hantuchova. WTA à parte, Petra Kvitova (4), Agnieszka Radwanska (6) e Venus Williams (18) não devem sofrer com a 2ª rodada.

Jerzy Janowicz

A quinta-feira entre os homens parece ainda mais escassa. No top 10, alguma emoção apenas se Ferrer demorar a se encontrar contra Sergiy Stakhovsky ou se Raonic continuar empurrando com o topete diante de Donald Young. Fora do radar, Gael Monfils (17) promete a segunda cota do volume morto de 5 sets contra Jerzy Janowicz no duelo que desponta como o mais interessante.

Atenção para a zebra no confronto canhoto Lopez X Adrian Mannarino, de onde sai o adversário de Monfils ou Janowicz. Mannarino fechou 2014 com 2 títulos de Challenger, abriu 2015 com semi em mais um e o vice do ATP 250 de Auckland. Com o melhor ranking da carreira (36º), passou pela 1ª rodada em Melbourne em 3 sets contra Blaz Rola. Lopez cambaleou no 5º set da estreia com "apenas" 3h12 de jogo. Pode ficar interessante o encontro entre os experientes Gilles Simon (18) X Marcel Granollers. Ambos atropelaram na estreia. O espanhol tenta apagar o 2014 sofrido (pelo menos em simples) e lidera o confronto direto por 4 a 1.

Fotos: Tennis Australia / Getty Images (Raonic e Bellucci).